lírio

finalmente, seis meses em uma seca angustiante,
querendo chorar, sem conseguir, presa.
hoje caiu a primeira lágrima, e me impressionei que foi logo por tua culpa,
logo você, gay
mas que fugiu de mim e me deixou desolada,
sem saber o por quê, nem nada,
sentada com a última pétala do teu lírio na mão,
eu fico aqui pensando em você e esperando pela próxima lágrima.

mímica

perto de você sou torrada,
chocolate,
crocante,
caramelo,
doce de leite,
açúcar mascavo,
pingada.
contrastando com a cores de nuvens que me envolvem,
entre celeste, cinza, branco.

é uma pena eu não ser mais morena,
é uma pena eu não ser mais sua pequena.

queimado

eu te quero muito,
as vezes só percebo isso quando passo cinqüênta segundos sem respirar durante qualquer diálogo completamente banal contigo.
eu fantasio que você me quer,
algumas vezes quase tive certeza absoluta que você também perde o ar,
ou pelo menos fica com as pernas bambas
cada vez que vejo os recados daquela tua mulher tenho mais vontade de te provar que eu sou melhor,
mas isso é só um papo de perdedora,
me descabelo, volto a respirar, logo logo passa.

caixa vazia

o carro de polícia estava alguns quarteirões acima, mas isso não me impediu de ouvi-lo.
entre buzinas, motores, conversas e caos, eu ouvia os passos daquele menino que descia a rua.
fazia aquele caminho todo o santo dia, mas ele parecia outro.
ouvimos mais quando não se tem nada a mais na cabeça além dos ouvidos.

profana.

sempre me pediam para guardar minha lingerie no final da noite, mas pra qual finalidade?
não dava, pelo menos não a lingerie.
comecei a pedir para que eles me dessem um presente de recordação.
compre o que mais lhe agrada, vestirei na última noite
para eu lembrar do teu choro cada vez que usar de novo.

the past is a grotesque animal

vamos destruir aquele bixo de sete cabeças
sem perceber, de repente, completamente errados

the sun is out, it melts the snow that fell yesterday...

e qual é a diferença nisso?
e qual é a diferença,
se é noite.
e nos apaixonamos por todos
basta ter algo em comum
viciados, tarados, bastardos
ao fundo, eles continuam cantando:

it's so embarrassing to need someone like I do you
how can I explain, I need you here and not here too
how can I explain, I need you here and not here too
how can I explain, I need you here and not here too
how can I explain, I need you here and not here too
...


a letra já mudou, mas é essa frase que fica presa na minha cabeça,
mas pode deixar que eu assino os créditos, como eles chamam, desastre

things could be different but they're not
things could be different but they're not
things could be different but they're not
things could be different but they're not
...


e travou de novo.
recomeço a música.
de repente todos se envolvem nesse desespero,
dentro daquele mundo, daquela música,
com armas apontadas cara a cara, com balas de ódio apaixonante
como eles dizem, desastre e crueldade são previsíveis
mas de algum jeito parecia ser certo, só faltou virarmos pessoas normais
e eu achava que isso nem existia
e era tudo o que eu queria

let's just have some fun
let's tear this shit apart
let's tear the fucking house apart
let's tear our fucking bodies apart
but let's just have some fun


duro, rígido, frígido, profundo e mofado,
nada mais pode te destruir

i find myself searching for old selves

e invento mil desculpas pra que nada mude

sometimes i wonder if you're mythologizing me like i do you
mythologizing me like i do you
mythologizing me like i do you

MYTHOLOGIZING ME LIKE I DO YOU
...


parece que essa música não acaba nunca...
mas eu não quero que ela acabe agora,
mas também não existem mais palavras
capazes de serem respiradas
não mais palavras a serem colocadas,
eu deixo com você,
Kevin:

but teach me something wonderful
crown my head, crowd my head
with your lilting effects
project your fears on to me, i need to view them
see, there's nothing to them
i promise you, there's nothing to them
i'm so touched by your goodness

YOU MAKE ME FEEL SO CRIMINAL


não importa aonde a gente esteja
nós sempre vamos estar interligados
enrolados entre os mais obscuros cabos

i've explored you with the detachment of an analyst
but most nights we've raided the same kingdoms
and none of our secrets are physical
none of our secrets are physical
none of our secrets are physical now
none of our secrets are physical
now
none of our secrets are physical
none of our secrets
now
none of

.

nem aqui

as palavras já não me cabem mais,
se acorrentaram em pensamentos
ficaram maiores que minha mente,
voaram pra lá.