enlouqueça

por favor não se esqueça dessa vez por favor desapareça não é só porque você escreve que alguém vai ler, a rede comporta qualquer conjunto de obras que resplandecer na sua cabeça...
mas não significa que alguém vai resplandecer.
por favor não esqueça.
subitamente apareça.
não deixe esse conjunto de obras...
por favor...
.................
não esqueça...
não desapareça...
não posso perder a cabeça...
não deixe esquecer.....
não me deixe desapare...

promessas malucas tão curtas

eles se encontram do nada, de repente
molhados por conta da chuva
vão pra casa dele, que é por algum lugar, não ali perto
compram vinhos no caminho
tiram as blusas no elevador
passam uma tarde inteira juntos praticando algum tipo de amor
criam, discutem, bebem e gritam
até alguém reclamar, no fundo do corredor
se despedem com hum mil roteiros dentro da cabeça
chega um novo dia e fica a falta de alguém que sofra também
manda então uma gratificação via e-mail ou sms
algumas horas depois ele posta um link que se direciona a seguinte música:
"Faz Parte do Meu Show".

exclamação

alegria alegria alegria!
achei o que tanto queria.
completude, infinidade, segurança, sutileza
ah, sublime ser que me rodeia!
abra seu peito e cante qualquer sentimento
que pra ti me faço tudo, toda, a qualquer memória!

muito desprezo

tive que me esconder atrás daquelas mãos grandes que iam e voltavam
a força bruta dentro daquele momento
as palavras fortes que cortavam que nem faca
a dor no coração e a frieza dentro de uma gaiola
as palavras fortes que não simbolizam nada

deschoque

tem gente que ainda acha que falar "merda" ou sobre ela no meio de um restaurante é falta de educação.

arrepios

coração arrepiando completamente arrependido.
aquela noite coloquei uma mentira na mochila e sai correndo rua abaixo; uns três ou quatro caras, afogados em crack tentaram me abordar, mas eu não parava de correr.
entrei no metro e peguei o último trem até a última estação daquela linha.
fiquei com medo, com muito medo, fazia tempo que o sangue não corria com agonia.
as chances de tudo dar errado eram umas, mas as coisas nunca dão realmente errado perante um crime passional.
a cada estação meu coração congelava um tanto, não ia dar tempo, não vai dar tempo e não deu tempo.
saí correndo até a rodoviária e consegui a última passagem no último ônibus.
afinal, eu só podia estar numa comédia romântica barata onde as coisas dão ridiculamente certo. viajei por uma hora, cheguei em uma rodoviária dura, suja, vazia. achei que tinha sido esquecida. chegou ele para me buscar, completamente embriagado, acompanhado de dois rapazes. pelo menos ele conseguiu inovar um pouco na forma, as comédias românticas baratas me dão um certo tipo de náusea.
tive uma noite das mais agradáveis, um dia cheio - de graças. voltamos para São Paulo e tudo voltou a ser como era: eu, em nenhum lugar e em todos; ele, um moleque metido a canastrão que goza com o pinto alheio.
me deu até um calafrio.

ana now

não sabia se ela que girava
ou se o mundo girava ela
onde o real se formava ninguém previa
metade das imagens que via
metade do escuro dos olhos que fechava
abria suas portas em cabines telefonicas
banheiros de bar e postes escolhidos a dedo
e ainda acredita que me engana
pobre, ana

lantejante

as mulheres que convivo tem vontade de fazer sexo vários anos por mês, vários meses por dia, vários dias por hora, várias horas por minuto, vários minutos por segundo...
pode até parecer redundante,
mas eu tô quase fazendo um curso de bombeiro...
me negaram ao perceber que eu sou um fogo invisível.