arrepios

coração arrepiando completamente arrependido.
aquela noite coloquei uma mentira na mochila e sai correndo rua abaixo; uns três ou quatro caras, afogados em crack tentaram me abordar, mas eu não parava de correr.
entrei no metro e peguei o último trem até a última estação daquela linha.
fiquei com medo, com muito medo, fazia tempo que o sangue não corria com agonia.
as chances de tudo dar errado eram umas, mas as coisas nunca dão realmente errado perante um crime passional.
a cada estação meu coração congelava um tanto, não ia dar tempo, não vai dar tempo e não deu tempo.
saí correndo até a rodoviária e consegui a última passagem no último ônibus.
afinal, eu só podia estar numa comédia romântica barata onde as coisas dão ridiculamente certo. viajei por uma hora, cheguei em uma rodoviária dura, suja, vazia. achei que tinha sido esquecida. chegou ele para me buscar, completamente embriagado, acompanhado de dois rapazes. pelo menos ele conseguiu inovar um pouco na forma, as comédias românticas baratas me dão um certo tipo de náusea.
tive uma noite das mais agradáveis, um dia cheio - de graças. voltamos para São Paulo e tudo voltou a ser como era: eu, em nenhum lugar e em todos; ele, um moleque metido a canastrão que goza com o pinto alheio.
me deu até um calafrio.

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