qualquer matéria reduzida ao pó

Os rapazes discutiam sobre a noite. Ela, desgostosa, se sentou na sarjeta.
Aquele lugar, em instantes, se tornou um ambiente assustador.
Um furacão de pessoas de todos os cantos. Passou a observar, deixar.
Olhar pra ela era como ter a certeza de que de alguma forma carrega uma tristeza no olhar.
Uma angústia que talvez ela nunca vai chegar a saber exatamente o que é.
Saber que essa coisa, que seja, está podre de alguma maneira, e é. Poeira.
Dessas que se acumulam pelos cantos, que nem o aspirador de pó limpa.
Queria de alguma forma socorre-la, mas ele tem o péssimo hábito de fazer escolhas ruins.
Lamentam juntos: a ponte quebrada na estrada, o gato atropelado, a árvore corroída.
A garrafa de cerveja quebrada, a dor nos pés, a música ruim, todo o lixo pelo chão...
Todo o lixo pelo chão, todo o lixo pelo chão.

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