me furta

ele disse que era pra eu apagar todas as luzes, e me deu um copo de suco de frutas artificial de cor radioativa.
quando apaguei tudo, vi o suco brilhando no escuro e com sua luminescência me maquiei num espelho digital, que na verdade, espelhava horizontalmente a imagem que seria um dia a do meu reflexo, e curiosamente, ao mesmo tempo, lançava uma luz forte e azul num canto escuro daquela sala.
eu liguei o ventilador bem, bem forte até meu vestido colorido se mexer esquizofrenicamente, e quando me virei, ele tirou uma foto.
ele tirou uma foto.
ele tirou uma foto em preto e branco,
portanto, de nada adiantaria aquela fotografia como uma lembrança, de um momento tão colorido, diminuido...
eu em preto e branco.
é como se no fundo ele fosse só um ladrão de imagens que capturou um momento qualquer pra colorir da forma que adequar e quantas vezes quiser, hoje ou depois de alguns amanhãs.
depois de toda a minha revolta eu percebi que na verdade, tanto faz, aquele momento na verdade já foi.
pra ele foi um instante em preto e branco,
pra mim, foi um instante barulhento
e de repente uma porta batendo.

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