primeiras considerações sobre o arrebatar

Se eu partir do pressuposto então de que eu, ser pensante, vejo e percebo o mundo de forma tal que outros não percebem, e que até possa ter alguém que veja da mesma forma que eu, mas considerando o próprio ato de ver algo único, que vem de dentro pra fora, o ver além do olhar e enxergar; ver pra dentro, numa lógica abstrata e fragmentada, desatrelando o ver de qualquer signo e imagem pré-datado, transformar o ato de ver em algo mais físico, o ver como algo que constrói e destrói uma imagem pura de significação, espaço e tempo.
Posso passar, então, uma hora a olhar para um corrimão de uma escada, piscar, e não saber qual a sua cor, seu material e seu formato. 
UMA HORA 
olhar corrimão de escada piscar
Essa imagem que se cria entre a imagem dada e meus olhos, uma película transparente de reações e sinapses que ganham movimento através das vibrações do som, este, portanto, capaz de fazer imergir e submergir, para então subverter a sensação do espaço/tempo, o som como o vento que sopra, a imagem como a brisa que sinto mesmo sem ver.
o ver de dentro pra fora capaz de anular o peso da gravidade e toda a cinética.
o ato de ver como arrebatador, e por arrebatador entenda-se, ir subitamente a um espaço mental desconhecido e voltar, sem memória lógica ou óbvia do que possa ter acontecido, podendo ou não ser ligado a realidade, mas provedor de sensações incapazes de definição.
Passo uma hora em um espaço indeterminável, impassível de qualquer materialização ou descrição proveniente de uma palavra; tempo este que poderia muito bem ser dez segundos - o ponto é que o tempo é determinado pelo entorno, portanto, relativo, e no que chamo de arrebatamento a noção de tempo pode ser alongada ou diminuída, de acordo com a experiência e capacidade de abstração do eu -;

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